terça-feira, 20 de setembro de 2011

Quando me FALTAM palavras...






Hoje me deu uma vontade de sair por ai. Sair por ai para lugar nenhum, para onde eu não tenha nenhum compromisso. Onde não exista o amanhã, onde não existe cobranças, onde não exista problemas. Iria para um lugar que não importaria o que dissessem. A única coisa que iria importar era o nada e sua capacidade de deixar as coisas tranquilas. Abrir a janela, deixar o sol entrar. Os problemas saírem por aquela abertura e não voltariam nunca mais, nem que eles sentissem necessidade. Achariam seu caminho e me abandonariam de vez. Os medos e as inseguranças também seriam jogados para o alto no meu passeio sem destino.
Andaria de bicicleta por terrenos distintos, passaria por casas desconhecidas e sorriria para pessoas que eu nunca havia visto até então. Ouviria música no último volume, deixaria o vento passar correndo entre os dedos, afagar os cabelos e e a despretensão de não ter nada que me segurasse à nenhum lugar me guiaria por um tempo quase indefinido.
Não me importaria com os horários, não me importaria com mais ninguém que não fosse eu e minha habilidade de andar por lugares desconhecidos. Deixaria tudo para trás, tudo aquilo que fez mal e insiste em ficar aqui dentro. Não estaria mais, pois eu me livraria deles com a ajuda do ar.
Percorreria lugares desconhecidos, não iria mais me preocupar com a beleza física e o único sentido seria eu e o pedalar da bicicleta tomando rumo. O barulho das árvores batendo entre si com o vento furioso, o sol aquecendo o rosto e a música guiando todos os meus passos.
Essa sensação de liberdade, de deixar para trás o que você tanto não quer mais são sentimentos que te incentivam a nunca parar de procurar aquilo que você tanto quer. Como seria boa a sensação de esquecer tudo que lhe fez mal e só deixar boas memórias ficarem no seu coração? Como seria boa a sensação de fingir que, uma vez, já existiram problemas quando eles não estivessem mais lá? Seria ótimo.
Mas é uma sensação utópica, uma vida utópica. Não podemos esperar sempre para que os problemas saiam de nós com permissão e não voltem mais. Na vida real, eles continuam aqui, como amarras nos nossos pulsos não nos deixando habitar lugares desconhecidos por medo; por medo do que é novo, por que queremos ficar com o velho e com o seguro.
Eu não. Quero soltar-me das amarras e percorrer o que nunca conheci.

(Sasha Diamantino)



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